Se mergulharmos em busca de respostas no mais profundo do âmago das nossas dúvidas, dos nossos anseios, da justificação ou da razão principal que nos move e nos expõe ao mais extremo calvário, quase diário, nesta efémera passagem terrena, certamente que o Norte indicar-nos-á que o imaginário Elo Perdido se chama Felicidade.
Antes de 1789 – Século XVIII (Revolução Francesa), com o iluminismo centrado por uma constelação que exibia estrelas como: Jean-Jacques Rousseau, Beethoven, Mozart, Voltaire, Goethe, Montesquieu entre outros, o homem não despertara a ideia de onde veio, para onde vai e principalmente qual é o seu verdadeiro papel no contexto geral. Foram exactamente eles e as suas ideias, literalmente iluminadas, que proporcionaram a ascensão de outras faixas ou segmentos de pensadores, libertando-os das amarras que os impediam de reflectir também sobre a possibilidade de se encontrar a tal Felicidade. Esta sensação começa a ressurgir entre as chamadas classes inferiores nas camadas sociais com a descoberta de que a felicidade poderia ser concreta e possível, individualmente.
A partir daí, iniciado o processo de produção de bens e serviços, o homem é chamado a integrá-lo e como consequência instaurou-se também a ideia de que a Felicidade estava a ser descoberta na medida em que o “ter” ou a participação em tudo o que se produzia, não seria mais um exclusivo de uma minoria. Inaugura-se também o romper do imperialismo religioso, no qual toda a obediência emanava de dogmas impositivos que condicionavam inclusive a obscura Felicidade, à rigorosa obediência. Sem nos imiscuir-mos na polémica paternidade da trilogia Liberdade, Igualdade e Fraternidade: se foi a Revolução Francesa que a tirou da Maçonaria, ou se esta a teria adoptado dos pensadores iluminados, o certo é que esta tríade sempre foi Lema implícito e natural para a conduta daqueles que se iniciam na Arte Real, muito antes do século XVIII.
A LIBERDADE, na sua concepção mais pura e como definida por vários filósofos contemporâneos é a mais radical definição de autonomia ou de não submissão; é a força que dá ao ser humano o pleno discernimento e a sublime independência. Na concepção maçónica, a sua aplicação não foge às suas características na medida em que, em homenagem ao seu reconhecimento não se pode eleger interesses individuais ou particulares e também não se pode esquecer as regras básicas do pleno respeito pelas normas de conduta elementares, como a ética, evitando corroer as colunas centrais que norteiam os princípios que nos são transmitidos pela maçonaria.
A IGUALDADE, no seio maçónico, traduz-nos a ideia de uma relação directa com os direitos fundamentais do cidadão e com a dignidade da pessoa humana, tendo como âmbito, o sentido de justiça, em estreita cumplicidade com os cânones do humanismo.
A FRATERNIDADE ao mesmo tempo que fecha a trilogia, destaca-se como a mais pura das concepções. Mmbora muitos a confundam com caridade, a sua relação com estes gestos são infinitamente superiores, sim porque a caridade invariavelmente é praticada visando alguma contrapartida e a FRATERNIDADE, entendida no contexto do tripé maçónico exige espontaneidade e deve reflectir um estado espiritual sem qualquer expectativa de recompensa, imediata ou futura.
A FRATERNIDADE tem uma autonomia e um alcance muito para além do que podemos imaginar. Contudo, os seus instrumentos podem ser os mais simples e imediatos, a ponto de estarem quotidianamente à disposição de qualquer um irmão; basta o despojar do egoísmo e do individualismo. Uma palavra, um gesto, uma visita, um afago, uma ligação telefónica, uma mensagem electrónica, UM ABRAÇO apertado ou leve, mas sincero e que faça efectivamente com que os corações sintam o bater um do outro.
Pois bem, trata-se da tal FELICIDADE, que a revolução francesa e os iluministas teriam despertados no ser humano, através da possibilidade de fazerem e serem parte no processo produtivo, bem como nos seus resultados.
Antes disto, a Ordem Maçónica já tinha como lema central das suas colunas a tríade Liberdade Igualdade e Fraternidade. Nos dias actuais, alguns séculos após, nós maçons, ou pelo menos os que buscam sê-lo, continuamos sob a égide do mesmo lema maçónico, convictos, porém do contra senso da máxima que norteia a filosofia de muitos políticos do mundo profano que ainda acreditam que o povo só precisa de Circo e Pão, para chegarmos à conclusão de que a Tríade Liberdade, Igualdade e Fraternidade são o leme que nos conduz como verdadeiros maçons.
Adaptado de texto de Fernando A. V.
Fonte: freemason.pt
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