No dia 10 de novembro de 2021, foi realizada a Sessão Magna Comemorativa aos 149 da Loja Simbólica Cotinguiba nº 235.
Foram feitas homenagens a alguns irmãos:
Receberam a Cruz da Perfeição Maçônica os Irmãos:
– Domingos Pascoal de Melo
– Geraldo Moura do Amaral
– José Daniel Garcez Menezes
– Orlando Carvalho Mendonça
– Orlando Ferreira da Rocha.
Receberam a Ordem do Mérito D. Pedro I os Irmãos:
– José Garcez de Góis
– Paulo Alves do Nascimento.
Histórico dos 149 anos da Loja Simbólica Cotinguiba.
Aracaju, em 1872 apenas, um vilarejo que começava a tomar forma de cidade. a nova capital da Província de Sergipe, criada em 1855, surgiu numa área de pantanais e dunas, e foi preciso muito arrojo para que se iniciassem as primeiras edificações.
Em torno do que é hoje a Praça Fausto Cardoso, foram aparecendo os edifícios da administração, as residências de pessoas mais abastadas. pelas redondezas espalhou-se o centro comercial. Era uma cidade formada por quadriláteros. O projeto na época futurista do engenheiro Pirro.
Apesar das impressões favoráveis deixadas no seu diário pelo Imperador Pedro II quando visitou a acanhada capital, então, com menos de dez anos, na verdade, Aracaju foi um enorme desafio a ser vencido, através do esforço de várias gerações.
Houve muita resistência para vencer os medos das “febres do Aracaju”, causadas pelas condições de insalubridades das áreas pantanosas, dos mosquitos que proliferavam.
Vir morar e ajudar para manter de pé a ideia da nova capital, com a vantagem de ter uma estrutura portuária um pouco melhor, era como se fosse um ato de desafio às condições adversas, muito exageradas, aliás, pelos que combatiam fortemente a criação da Aracaju, abandonando São Cristóvão, com seus centenários edifícios, e razoável estrutura urbana.
Naquele tempo, ainda permeado de polemicas e incertezas, um advogado e cidadão, detentor de grande bagagem cultural, o Dr. Francisco Martins Pereira Júnior, que era natural de São Cristóvão, liderou um grupo de devotados futuros obreiros e fundou a Loja Maçônica Cotinguiba.
Ficava no quadrilátero da futura praça Fausto Cardoso, onde já estavam implantados os edifícios principais da administração pública, e algumas casas de pessoas da elite econômica e política.
O nosso sapientíssimo e querido irmão José Francisco da Rocha, na condição de Orador desta Loja, no dia 09 de novembro de 2005, quando era comemorado o aniversário de 133 anos de fundação, fez, uma erudita e esclarecedora palestra, ressaltando a personalidade do nosso fundador, e a importância social da presença maçônica nos primórdios da nova capital, o centro de decisões da Província.
É necessário lembrar que, em 1872, estávamos a 16 anos da abolição da escravatura, e a 17 da Proclamação da República.
Assim, a instituição formada por homens livres e de bons costumes, começou um debate intenso, absorvendo, tanto as ideias da abolição do braço escravo, como a necessidade de modernização das nossas instituições através dos ventos renovadores da Republica, nos juntando, assim, ao grupo de países do Novo Mundo, todos , já tendo aderido à Republica, e o Brasil era o último império que restava nas Américas, e o penúltimo país a libertar os escravos.
Esta Loja, que foi por muito tempo a única em Aracaju, chegando em certos períodos a ter mais de 400 obreiros, teve uma participação decisiva no enfrentamento da pandemia da Gripe Espanhola, que devastou o mundo em 1918, logo após o fim da Primeira Grande Guerra, (1914-1918). Não tendo espaço no único e precário hospital, o tratamento dos doentes, um ato de heroísmo, em face da letal contaminação pelo vírus, era feito em locais como o quartel do Exército Nacional, Os maçons estiveram presentes a esta batalha sanitária, da mesma forma que, através desta Cotinguiba, hoje quase sesquicentenária, estiveram, também, no combate ao analfabetismo, que atingia a mais de 70% da nossa população, sendo fundada a Liga Sergipana Contra o Analfabetismo.
A Loja Cotinguiba esteve envolvida em muitas causas sociais como na ajuda do Leprosário Lourenço Magalhães, criaram-se nas dependências da Loja os cursos de datilografia, corte e costura para atender aos mais carentes. Por iniciativa de dirigentes maçons sob, a efetiva liderança da Loja Simbólica Cotinguiba mais particularmente graças a visão e ao abnegado esforço do Dr. Manoel Carlos Neto Souto e José Rodrigues Santiago, com humana e desinteressada participação, no setor de engenharia Civil do Dr. Jorge de Oliveira Neto, a Loja Cotinguiba assumiu a direção do Asilo Rio Branco transferindo a sua sede que ficava no atual Ginásio Charles Moritz para atual nova sede na Av. Adélia Franco, que pelo excelente clima do sítio onde foi erguida veio proporcionar melhor condição de saúde aos assistidos da entidade, constituindo-se no grande e valioso patrimônio que, sem duvida alguma, permitira uma mais ampla assistência ao idoso.
Nos períodos que precederam ou sucederam à Segunda Grande Guerra, esta Loja desempenhou um importante papel, primeiro, na ajuda aos náufragos, no sepultamento dos mortos, no recolhimento dos destroços, após os torpedeamentos ocorridos no litoral sergipano em agosto de 1942, quando, também, era preciso evitar o pânico na população, provocado pelos boatos alarmantes de desembarques de tropas nazifascistas, alemãs e italianas nas nossas praias.
Depois, no apoio a tantas pessoas, entre elas judeus que fugiam da opressão nazista na Europa, e também aos que escapavam da opressão do regime comunista, antes, e após o fim da guerra, quando se estendeu a chamada Cortina de Ferro nos países subjugados pela ex-União Soviética, que voltou, no fim do século passado a ser a Rússia, sem comunismo.
O dia 9 de maio de 1968, transformou-se numa data histórica, que engrandece esta Loja, palco, naquela data, do memorável reencontro da Maçonaria com a Igreja Católica, e a quebra do preconceito que nos afastava daquela, como de todas as outras denominações cristãs. Não alimentamos aquele preconceito, e o Bispo de Aracaju, Dom Luciano Cabral Duarte, desfez a mancha histórica., ao vir proferir na Loja Cotinguiba o discurso que corrigiu os equívocos. Para isso, ele teve a aquiescência do Arcebispo de Aracaju Dom José Vicente Távora, depois, recebeu a autorização do papa, através de Núncio Apostólico no Brasil Dom Sebastião Baggio.
Nesse trabalho de reaproximação, destacaram-se muito os Irmãos Cícero Menezes, Carlos Sattler, Arivaldo Prata, Constâncio Vieira e José Francisco da Rocha, entre outros.
Naquele distante dia de maio de 68, o Bispo Luciano lançou as bases daquele memorável e virtuosa ideia: A Promoção do Homem do Campo – PROCHASE -, o projeto teria de ser executado através da Igreja e da Maçonaria, ou seja, da Loja Cotinguiba.
Foi o inicio de um movimento pacífico, legal e ordeiro de transformação da nossa estrutura agrária, abrindo espaços para a pequena agricultura familiar em terras que começaram a ser adquiridas. é preciso ressaltar que coube ao nosso irmão sempre venerado José Francisco da Rocha, a formação do embasamento jurídico para a entidade, na qual ele foi o representante proativo da nossa Loja Cotinguiba.
Esse momento histórico, está agora perenizado em livreto publicado pelo Governo do Estado, com edição de mil exemplares, como homenagem antecipada aos nossos cento e cinquenta anos, que estaremos comemorando em 2022, e para cujo êxito e criação de um marco histórico, solicito e convoco a todos os irmãos a se integrarem, de corpo e alma, aos trabalhos que começam a ser realizados.
(Orlando Carvalho Mendonça – Venerável Mestre).
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