No fundo, falar neste tema, é analisar a Maçonaria numa perspectiva da disciplina que estuda a “Evolução e Sobrevivência das Organizações”.
Mas, se pensamos que estamos bem, porquê sequer pensar em analisar a situação:. Se calhar porque não estamos assim tão bem ou porque o segredo da longevidade das organizações está na sua capacidade de adaptação, á sociedade em que se inserem, no momento certo e na justa medida do necessário.
Todas as organizações tendem a adaptar-se, basta repararmos, por exemplo, que a missa já se diz em Português e o padre já não está de costas para os fiéis. Nós próprios já o fizemos também quando o nosso cariz passou a ser especulativo.
Decidi que, metodologicamente, a melhor maneira para abordar e desenvolver este tema seria subdividi-lo nos seguintes capítulos:
- A – Introdução
- B – O que somos
- C – Onde estamos
- D – Positivos e Negativos
- E – Objectivos
e por último
- F – Futuro (como conclusão)
Assim, passarei de seguida a abordar cada um destes capítulos:
B – O que somos
Fundamentalmente somos uma forma de vida e uma busca espiritual.
Somos uma instituição baseada na tolerância e na liberdade de pensamento
Temos milhões de membros em todo o mundo.
Temos princípios morais fortes e abrangentes
Temos características únicas para ser “a” entidade de referência.
C – Onde estamos
A Maçonaria, como qualquer organização humana, está sujeita a forças e influências externas, sobre as quais não tem nenhum controle. Cabe-nos a nós, saber identificar e interpretar essas forças para saber lidar adequadamente com elas.
Após o fim da segunda guerra mundial intensificou-se uma dinâmica que veio a alterar profundamente toda a sociedade ocidental.
A nível espiritual a segunda metade do século XX veio trazer um aumento exponencial a novas soluções de espiritualidade, que vieram permitir que nos dias de hoje se possa dizer que cada um pode ter a sua espiritualidade própria, quase feita por medida. Logicamente, com o aumento da “oferta”, o número de insatisfeitos espirituais diminuiu, levando a que o nosso campo de recrutamento ficasse menor.
A evolução da técnica, por seu lado, veio criar um cada vez maior número de individualistas que se escondem por detrás dos ecrãs da televisão e do computador. Só espero que não tenhamos, um dia, que vir a fazer sessões de Loja, todos “on-line” na Internet.
O bem-estar social alcançado no mundo ocidental veio também reforçar a importância dos valores materiais.
A pressão da vida deixa-nos cada vez menos tempo livre.
A família, célula fundamental da nossa sociedade está erodida, o controle estatal sobre o cidadão está a aumentar. Isto é, foram-se criando condições para que, cada vez mais, cada um tenha menos tempo para si e se feche mais sobre si próprio.
A necessidade ou importância de entrar na Maçonaria tornou-se, por um lado mais importante, mas por outro, mais difícil de consciencializar como importante. Temos de ter consciência de que a concorrência para a ocupação dos tempos de lazer é cada vez maior. É preciso ser cada vez mais atractivo.
D – Principais Pontos Positivos e Negativos
Importa analisar quais os mais importantes no âmbito deste tema
Positivos:
- Os nossos princípios fundamentais são os alicerces de uma sociedade saudável
- Somos talvez “a” melhor Plataforma comum possível entre as várias confissões religiosas
- Não há nenhum facto Histórico, que, se se provar que é falso, nos deixe em crise (o que não acontece com as maiores religiões).
- •Encorajamos todos os II:. a aprofundar a sua religião
Negativos:
- Utilização interna de relações maçónicas para obter vantagens
- Imagem externa dos nossos objectivos e obras é quase nula
- Segregação das mulheres
- Elitismo – não sabemos ou não queremos atrair as classes menos cultas
- Imagem de organização secreta
- Dificuldade em agir como uma vontade somada de Lojas e Is:.
- Ausência ou não divulgação de estratégias de recrutamento
- Elevado número de ausências nas sessões de Loja
E – Objectivos
Estamos sempre a olhar para o futuro; o presente não nos satisfaz. Temos de ter presente que não é necessário mudarmos, basta que, se for preciso, nos adaptemos.
Assim, em minha opinião o principal problema que temos ao olhar para o futuro é o do nosso crescimento.
Não podemos, como até agora, ficar só á espera que os mais decididos se juntem a nós, temos que ir buscar os mais indecisos.
Assim, o ênfase deve ser posto em estratégias que promovam o Recrutamento e a Retenção de II:..
E é sobre estes dois pontos que deveríamos raciocinar e concluir sobre o que temos ou não que fazer.
No fundo, gostaria que pudéssemos olhar para o futuro seguindo políticas pró-activas.
Por mim parece-me fundamental que divulguemos de uma maneira eficaz os princípios que nos movem e o que fazemos em prol do bem comum.
Precisamos de mais novos e jovens Irmãos, temos que os atrair.
Para melhorar a nossa imagem temos de divulgar a nossa obra e é melhor divulgar 2 ou 3 boas obras, do que dezenas de pequenas obras.
Quantos Maçons não existem neste mundo, que não sabem o que é a Maçonaria:. É mais importante como um Maçon vive fora da Loja do que como vive lá dentro. Saberão o que têm de comum connosco?
Devíamos também ter programas de trabalho para os mais novos, de modo que fosse mais fácil esperar o assumir de responsabilidades dentro da Loja. Nem todos os nossos II:. São ritualistas.
Temos de lhes dar uma cada vez melhor e mais intensa formação e enquadramento, para não se tornarem meros espectadores.
F – Futuro (como conclusão)
Parece-me claro que as nossas opções são as de estagnar ou crescer e de que temos tudo nas nossas mãos para optar conscientemente, sendo que se não optarmos ou optarmos mal o nosso futuro é triste; só se optarmos bem é que poderemos ter uma nova dimensão no futuro.
Tenhamos a vontade de, pelo menos, discutir estes assuntos e decidir, espero que bem. Se o fizermos, vamos com certeza contribuir para um melhor futuro. E não nos esqueçamos de que temos uma excelente base ou ponto de partida para amanhã, que é o dia de hoje, porque “A Maçonaria não é necessariamente boa porque é antiga, mas é antiga porque é boa”.
Disse, Venerável Mestre e todos os meus Irmãos!
J:. F:. – M:.M:. – Março 2005
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