História da Maçonaria: A Loja do Aleijadinho

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História da Maçonaria: A Loja do Aleijadinho

Um pouco de História

António Francisco Lisboa – “Aleijadinho” (1738 – 1814)

A história da maçonaria é cheia de factos controversos e no Brasil não ocorre de forma diferente. Se ninguém sabe qual a sua origem, também não se pode dizer qual foi a primeira Loja fundada no Brasil, por exemplo. Alguns dizem que foi o Areópago de Itambé, uma sociedade política fundada pelo padre Arruda Câmara, no Recife, em 1796. Outros dizem que a primeira Loja foi a Cavaleiros da Luz , fundada em Salvador, Bahia, em 1797. Documentada, porém, a primeira Loja brasileira foi a Reunião, fundada no Rio de Janeiro em 1801. Isto foi dito por José Bonifácio de Andrada e Silva e só por isso é informação que merece respeito [1].

Toda esta celeuma é muito natural. Afinal de contas estamos a falar de uma sociedade dita secreta, e assim os segredos que envolvem a sua constituição e as suas actividades não poderiam ser mesmo expostos de forma tão claras, como quaisquer factos históricos que envolvem outras organizações. Um historiador que quisesse contar a verdadeira história da Igreja Católica, por exemplo, encontraria as mesmas (Publicado em freemason.pt) dificuldades. Teria que recorrer bastante à sua própria imaginação para preencher os vazios que certamente encontraria na documentação levantada. Assim é a história destas organizações. Um cipoal de mitificações e mistificações, naturais umas, nascidas das próprias auréolas de lenda que elas adquirem naturalmente, artificiais outras, criadas justamente para disfarçar, sobre uma capa de fantasia, aquilo que não se pode, abertamente, ser exposto.

Se no Brasil a história da maçonaria é muito confusa, em Portugal não é diferente. Ninguém sabe como a maçonaria aportou por lá. Como na Inglaterra, França, Alemanha, Escócia e outros países onde a Arte Real se tornou instituto cultural de grande importância, tudo é muito obscuro e aureolado de lendas. Há quem sustente que a maçonaria chegou em terras portuguesas pela mãos do infante Afonso Henriques, reconhecidamente um cavaleiro templário, que fundou o reino de Portugal ajudado pelos seus irmãos daquela Ordem. Sendo a Ordem maçónica a legítima herdeira das tradições daqueles cavaleiros, nada mais justo reivindicar a nobreza dessa origem para os maçons portugueses. Mas assim como não há nada que comprove uma legítima interacção entre esses proscritos cavaleiros cruzados e os maçons medievais, também, no caso português, tudo é pura especulação. O que se sabe, de verdade, é que a maçonaria, tal como a conhecemos hoje, chegou a Portugal entre 1725 e 1735, trazida pelos comerciantes ingleses. Data de 1727 a memória do primeiro grupo de maçons actuando em Lisboa.

Em 1738 foi emitida a Bula In Emminenti Apostolatus Speculati, pelo Papa Clemente XII, condenando a maçonaria como seita herética e inimiga da verdadeira religião, a católica. Os reis de Portugal, católicos conservadores, logo aproveitaram a Bula papal para dar livre curso à sua própria intolerância contra a Ordem, cuja fama de liberal e contestadora da teoria do direito divino dos reis era já bem conhecida. Assim promulgaram um decreto em 1743 colocando a Ordem fora da lei e punindo com a pena de morte quem fosse encontrado praticando maçonaria em Portugal. Uma feroz perseguição contra os maçons em terras portuguesas começou desde então. John Coustos, reconhecidamente o líder Maçom de maior importância em Portugal na época, foi preso e submetido às terríveis torturas da Inquisição, dela só escapando com vida por interferência das próprias autoridades inglesas, que na época, abrigava nos seus quadros vários membros da Ordem.

Em 1751 nova bula papal, desta vez emitida pelo papa Benedito XIV, deu reforço à bula anterior e a maçonaria foi praticamente extinta em Portugal. Ela só viria a ser revivida na década de 1760-70 durante o governo do Marquês de Pombal, reconhecidamente um déspota esclarecido, adepto das ideias iluministas, e segundo alguns, iniciado na maçonaria inglesa (facto não comprovado documentalmente). Todavia, é verdade que o Marques de Pombal não nutria muita simpatia pela Igreja Católica, tendo inclusive banido de Portugal e dos seus territórios ultramarinos a Companhia de Jesus. De maneira que, durante o seu governo, a maçonaria funcionou tranquilamente em Portugal. Mas esta tranquilidade durou pouco. Morto o rei Dom José, subiu ao trono D. Maria I, católica fervorosa. Por instigação da Igreja, ela depôs o poderoso Marques de Pombal e formou um governo eminentemente católico, colocando como seu Ministro de Segurança (Intendente de Polícia), o sinistro Pina Manique, um indivíduo que desenvolveu contra a maçonaria uma sistemática perseguição, mandando prender praticamente todos os maçons de Portugal. A perseguição atingiu o seu auge em 1791-1792, quando as masmorras ficaram lotadas com os irmãos da Ordem. Mas em 1797, chegou a Portugal um grande contingente de tropas inglesas, para ajudar Portugal na guerra que o país estava travando contra a França. Estes soldados, cujos comandantes eram, na sua maioria, maçons, trouxeram de novo a maçonaria para Portugal. As actividades maçónicas desenvolveram-se rapidamente e em 1806 deu-se a emissão da primeira constituição maçónica em terras portuguesas.

E no Brasil?

Como andava a maçonaria no Brasil nesses cruciais tempos históricos, em que as mentes mais esclarecidas estavam todas impregnadas do ideal libertário que os rebeldes americanos (a maioria reconhecidamente maçons) tinham proclamado, e os revolucionários franceses, muitos deles também maçons, tinham espalhado pela Europa? Dizem que já no romântico e decadente ambiente da Inconfidência Mineira eram os ideais maçónicos o principal inspirador da ideologia dos inconfidentes. Alguns autores maçons, munidos mais de imaginação do que de verdadeiras informações históricas, sustentam que Tiradentes, Tomás Antonio Gonzaga, Álvares Maciel, Alvarenga Peixoto e outros, inclusive o próprio Aleijadinho (António Francisco Lisboa), eram maçons. Dizem até que a maçonaria teria sido trazida ao Brasil pelo Doutor José Álvares Maciel, que teria sido iniciado em Coimbra e frequentado Lojas em Londres. Assim teria fundado Lojas em Ouro Preto, onde iniciou os ditos irmãos inconfidentes e outras pessoas importantes da colónia [2].

Não há nenhuma evidência histórica destas afirmações. Aliás, dado o momento histórico em que foram vividos os factos da Inconfidência Mineira, é duvidoso que alguma Loja maçónica estivesse funcionando no Brasil naquela época. Os primeiros anos da década de 1790, como vimos, foram os tempos mais violentos da repressão que as autoridades portuguesas moveram contra a maçonaria. O biénio de 1792-93, aliás, anos em que o processo contra os inconfidentes foi concluído, (Tiradentes foi enforcado em 21 de Abril de 1792), foi a época em que essa repressão atingiu o auge.

Não se levantou, até agora, nenhum registo de actividade maçónica nas Minas Gerais, na época da Inconfidência, ou em anos anteriores, e mesmo em décadas posteriores a ela. E achamos mesmo difícil que isto tenha ocorrido face à predominância da religião católica naquelas terras e o medo que a terrível milícia criada pelo Conde de Assumar inspirava nos mineiros. Assim, pretender que alguns dos inconfidentes fossem maçons regulares é, no mínimo, mais uma das românticas inspirações dos nossos imaginativos autores maçónicos.

O Aleijadinho era Maçom?

Esta pergunta é interessante e pode ser respondida de duas formas: sim e não.

Primeiro, como já foi informado no texto acima, não havia actividade maçónica regular em Minas na época em que ele viveu. Aleijadinho nasceu em 1730 e morreu em 1814. Profundamente católico e ligado à Igreja, dificilmente teria participado de um movimento tão mal visto pelas autoridades eclesiásticas. Certamente, se houvesse qualquer relação do grande artista barroco com algum movimento maçónico regular, ele jamais teria sido tão cortejado e requisitado pela comunidade eclesiástica de Minas para realizar os (Publicado em freemason.pt) trabalhos que o tornaram famoso. Assim, podemos dizer com um certo nível de certeza que Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, não era Maçom regular, ou seja, não foi membro iniciado de uma potência maçónica, tal como a conhecemos hoje. Aliás, nem ele, nem Tiradentes, nem qualquer outro inconfidente, tanto quanto sabemos.

Isto não impede, entretanto, que a Inconfidência Mineira não tenha sido realmente influenciada por ideais maçónicos. Afinal, se formos analisar as ideias maçónicas do século XVIII e do início do século XIX, seria muito difícil negar que a maçonaria não seria apenas mais um desdobramento do Iluminismo do que uma manifestação cultural independente, que nasceu e se desenvolveu por si mesma. Maçonaria, como temos sustentado, é mais uma ideia, uma prática de vida, do que uma instituição, propriamente dita. Ela fundamenta-se na ideia arquetípica de uma ordem social e política perfeita- um Éden social- e na prática da fraternidade e do livre pensamento como sustentáculo dessa ideia. Assim, Maçom não é apenas aquele que se inicia numa Loja regular e aprende a compartilhar com os Irmãos uma cultura simbólica comum. Maçom é todo aquele “pedreiro” moral que ajuda a construir o edifício da ordem social perfeita.

Só neste sentido, aliás, podemos conceder à maçonaria antecedentes históricos tão antigos e filiações espirituais tão nobres quanto são pretendidas pelos nossos românticos e imaginativos historiadores.

Sabemos, por exemplo, que a maçonaria, tal como a conhecemos hoje, não nasceu em 1717, com a fusão das Lojas Londrinas, como pretendem os defensores da origem britânica da Ordem. Nem que o seu registo de nascimento seja o misterioso Colégio de Arquitectura florentino, fundado em Milão por Leonardo da Vinci e os seus confrades arquitectos e artistas renascentistas, como pretendem os defensores da linhagem italiana da Arte Real. Registos da existência de Lojas que já praticavam ritos semelhantes aos que hoje se praticam na maçonaria moderna existem para atestar uma existência muito mais antiga do que essas [3].

Assim, que o Aleijadinho possa ter sido Maçom operativo, é bem provável. Afinal, o seu pai, Manuel Francisco Lisboa era, comprovadamente, mestre de obras. Vários registos documentados o dão como pedreiro, carpinteiro, arquitecto e entalhador.

Essa profissão ele a transmitiu ao seu filho ilegítimo Antonio Francisco, que ele teve com sua escrava Isabel. Afirma o principal biógrafo do Aleijadinho que o seu pai, Manuel Francisco, realizou muitas obras de verdadeiro arquitecto e ocupou, por muitos anos, o cargo de “Juiz” dos ”Ofícios Mecânicos” de Vila Rica, alcançando relativa fortuna e projecção social [4].

Era também membro leigo da Irmandade da Ordem de São José do Carmo, organização da qual, mais tarde, também o próprio Aleijadinho seria, primeiro professor, e depois Juiz.

Ora, o que era realmente esta Irmandade de São José do Carmo? Os registros históricos indicam que se tratava de uma Irmandade fundada sob os auspícios da Igreja, mas que tinha, nitidamente, o carácter de uma guilda, ou seja, uma espécie de Corporação de Oficio, que cuidava dos interesses dos praticantes dos ofícios ligados à construção civil, regulando as suas actividades e ensinando-as aos aprendizes que se dedicavam a essa actividade.

Por termo de posse lavrado em 9 de Dezembro de 1787, o “pardo” Antonio Francisco Lisboa, escultor e mestre de obras de cantaria, foi nomeado “Juiz” dessa Ordem de “irmãos” carpinteiros e construtores de Vila Rica [5]. Segundo Afonso Arinos, existiam no Brasil colonial, nas principais cidades, muitas organizações desse tipo. Eram Ordens laico-religiosas, organizadas pela Igreja e administradas pelos profissionais que as compunham.

Poder-se-ia chamá-las de Lojas maçónicas operativas? Pelo que sabemos dessas antigas antecessoras das Lojas modernas, podemos, ao menos por analogia, dizer que sim. Nestas corporações há, inclusive, registos da participação de “irmãos” não pertencentes aos quadros dos profissionais da construção civil. Na própria Irmandade de São José, onde o Aleijadinho foi elevado a “Juiz” (Venerável Mestre?), há registos de vários militares e outros tipos de profissionais liberais, admitidos como “irmãos aceitos”. Indícios da prática de um ritual de iniciação também são observáveis nesses documentos que se referem às actividades dessas Irmandades.

O ingresso de Antonio Francisco como membro desta Irmandade regista o dia 4 de Agosto de 1772 como o da sua iniciação. Ele tinha um irmão padre, chamado Félix Antonio Lisboa, que também era membro dessa Organização.

Assim, à pergunta, se Antonio Francisco Lisboa, conhecido como o Aleijadinho, teria sido Maçom, a resposta pode ser: sim. Maçom operativo, Maçom por ideal, Maçom por virtude prática, certamente pode ter sido. Maçom regularmente iniciado, membro de potência reconhecida, com certeza não foi.

Mas para quem vive a verdadeira maçonaria isto muito pouco importa. A obra do Aleijadinho, principalmente aquela que ele realizou após o seu ingresso na Irmandade de São José, é fundamentalmente maçónica. É uma arte que, embora mostre feições caracteristicamente católicas, pois o Aleijadinho nunca se afastou das suas raízes religiosas, entretanto, reflecte perfeitamente a filosofia da Contra Reforma, pregada por Pio V no Concilio de Trento (1536). Nesse Concílio, o referido Papa pregou uma mudança na arte sacra até então realizada pelos artistas católicos, sustentando que ela deveria conduzir o povo para Deus e não o afastar dele. Isto era o que os reformistas protestantes pregavam, dizendo que a teologia católica só prometia dor para o género humano e reflectia essa ideologia de miséria na arte sacra, glorificando pessoas martirizadas, representando-as em pleno martírio e não na glória que a revelação religiosa concede aos seus iluminados. Destarte, fazia do próprio Cristo uma imagem de martírio e dor, sem oferecer em troca uma visão do seu triunfo final. E os protestantes iam conquistando adeptos justamente pela ideia que pregavam, da possibilidade de uma redenção, da conquista de um gozo futuro como prémio pela dor presente.

Assim, o Aleijadinho procurou retratar esta ideia nas suas obras. O homem, por maior que sejam os seus sofrimentos em vida, se ele crê em Deus, triunfa. Essa foi a experiência vivida por Jesus, esse foi o seu exemplo. Daí os seus Cristos de madeira e pedra se apresentarem como imagens vivas da mutilação e da dor, mas nas suas expressões se percebe a mais excelsa alegria. Nas feições dilaceradas a imagem do sofrimento, mas no brilho descomunal dos olhos, a transcendência da vitória conquistada pelo espírito.

Possivelmente, o Aleijadinho deve ter experimentado na sua própria vida um sentimento semelhante. Os seus aleijões, a sua doença degenerativa e deformante não o teria levado a se comparar a um Cristo vivo, vivendo uma experiência transformante e transformadora, que ele retratou nas suas obras? Não seria uma experiência semelhante àquela que emula da prática maçónica? Não poucos biógrafos seus sustentam que sim, que ele teria retratado nas feições sofridas das suas imagens o seu próprio rosto, contraído pela dor, e nos membros que muitos críticos reputam como deformados, os aleijões que a lepra tuberculóide provocava nas suas mãos e pés [6].

A Obra maçónica do Aleijadinho

Já foi sugerido que os profetas esculpidos pelo Aleijadinho para o Santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo, são uma metáfora à Inconfidência Mineira, na qual cada um dos doze profetas representaria um dos Inconfidentes. Neste sentido, Isaías representaria Domingos de Abreu Vieira, e os demais, na ordem, seriam Francisco de Paula Freire (Jeremias), José Alvares Maciel (Abdias), Domingos Vidal Barbosa (Habacuc), Tomás Antonio Gonzaga (Daniel), Tiradentes (Jonas), Alvarenga Peixoto (Oseias), Cláudio Manoel da Costa (Joel), Francisco Antonio Lopes (Naum), Luiz Vaz de Toledo Piza (Ezequiel), Salvador Carvalho de Amaral Gurgel (Baruc) e Amós seria o seu próprio auto-retrato. Estas deduções foram extraídas das observações das frases latinas contidas nos pergaminhos que cada profeta ostenta nas suas mãos. Essas inscrições, embora reflectindo motivos bíblicos, e baseadas em frases atribuídas a cada um dos oráculos, não reproduzem os ditos originais (Publicado em freemason.pt) contidas nos livros dos respectivos profetas, mas foram claramente adaptadas para expressar uma ideia, que segundo a autora da tese, seriam alusivas a motivos referentes à Inconfidência Mineira e à vida particular de cada um dos conjurados [7].

A Loja do Aleijadinho?

Com um pouco de imaginação e informação sobre a vida do Aleijadinho pode-se construir boas e interessantes especulações. Aliás, isso é próprio da obra de todo grande artista. Haja vista as especulações sobre a obra de Leonardo da Vinci, Dante Alighieri, Shakespeare e outros. O nosso fantástico Antonio Francisco Lisboa, entretanto, para o Maçom especulativo, desperta ainda mais interesse quando se buscam nele os sinais, senão de que ele tenha sido realmente um irmão regular, que tenha sido pelo menos um Maçom operativo, ligado por teoria e prática, à cultura da maçonaria.

Neste sentido, basta observar com atenção as suas obras para enxergar nelas os sinais da presença cultural da Arte Real. Nela encontraremos, por exemplo, a representação de abóbadas celestes num estilo bem maçónico, assim como colunas, romãs, garras, símbolos maçons como prumos, níveis, adros e outros artefactos presentes na iconografia maçónica. Isto mostra o quanto ele tinha conhecimento, senão da cultura simbólica da Arte Real, que pelo menos estava a par de segredos arcanos detidos somente por Mestres iniciados nesse mister.

Porém, o que mais chama a atenção nesse sentido é a disposição geográfica dos profetas no átrio do santuário de Congonhas do Campo. Com um pouquinho de imaginação poderemos encontrar nela uma certa semelhança entre a posição das estátuas com as posições ocupadas numa Loja maçónica pelos seus oficiais. Senão vejamos. Essa disposição pode ser detalhada do seguinte modo:

ORIENTE

Jonas Daniel Oséias Joel
(1º diácono) (Orador) (Porta Bandeira) (Secretário)

OCIDENTE

Baruc Ezequiel
(Tesoureiro) (Mestre Cerimónias)
Amós Naum
(1º Vigilante) (2º Vigilante)
Abdias Isaias Jeremias Habacuc
(2º Diácono) (Cobridor interno) (Cobridor externo) (Harmonia)

A posição do Trono do Venerável Mestre corresponde ao próprio santuário, já que o Venerável é, no caso, o próprio Cristo.

Esta é a disposição em que os profetas foram esculpidos, todos eles com os seus pés em posição de esquadro, como bem cabe a um Maçom em Loja regular.

Eis aí colocadas algumas interessantes relações entre a realidade histórica e o mito António Francisco Lisboa – conhecido pela alcunha de O Aleijadinho -, a maior expressão da arte barroca brasileira de todos os tempos. Outras já foram observadas por diversos autores e Irmãos em trabalhos de Loja, razão pela qual seria cediço reproduzi-las aqui.

O que fica é a pergunta: Era ele um Irmão da Arte Real? Com o que registamos acima só podemos concluir que sim. Era ele Maçom? Não sabemos, pois não há qualquer registo (Publicado em freemason.pt) histórico que o prove. Tudo está em distinguirmos aquilo que entendemos como sendo um Irmão da Arte Real e um Maçom regular. Para nós o verdadeiro significado da maçonaria está no primeiro termo e não no segundo. Isto porque não vemos a maçonaria como uma instituição secular, mas sim como ideia que deve ser posta em prática. Neste sentido, por tudo que esse magnífico artista foi, pelo que fez, pelo que idealizou e reflectiu na sua obra, não temos nenhum constrangimento em considerá-lo um grande Irmão. E ao fazê-lo, sentimos um imenso orgulho nisso.

João Anatalino Rodrigues

Notas

[1] Castelanni e Almeida-História da Maçonaria no Brasil- Madras, 2012

[2] Cf. Felício dos Santos- Memórias do Distrito Diamantino.

[3] Cf. Jean Palou- Maçonaria Simbólica e Iniciática, Ed. Pensamento, 1986

[4] Rodrigo José Ferreira Bretas- Traços Biográficos do (…) Aleijadinho. Património Histórico e Artístico Nacional, nº 15- Rio de Janeiro , 1951

[5] Idem, op citado.

[6] Hoje sabe-se que a doença que o grande escultor mineiro contraiu era a porfiria cutânea tardia, uma espécie de hanseníase nervosa, que corrói pele e membros inferiores e superiores, mas conserva intactos os órgãos internos, razão pela qual o Aleijadinho viveu até a avançada idade de 84 anos.

[7] Esta tese foi defendida pela professora Isolde Hans Venturelli, publicada no calendário Phillips de 1982 e reproduzida pela Revista Veja. Neste caso, o Profeta Amós, seria o próprio Aleijadinho, cujo discurso, como sabem os Irmãos, abre a Loja de Companheiro.

 

Fonte: Frremason.pt

By | 2019-09-13T12:22:50-03:00 setembro 15th, 2019|Notícias|Comentários desativados em História da Maçonaria: A Loja do Aleijadinho